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O nascimento de uma criança é de fundamental importância em todas as culturas. Toda sociedade tem seus ritos de fertilidade, seus mitos e representações artísticas sobre o parto.

“As pessoas educam para a competição e esse é o princípio de qualquer guerra. Quando educarmos para cooperarmos e sermos solidários uns com os outros, nesse dia estaremos a educar pela paz.” Maria Montessori

As primeiras mães sabiam como cuidar de seus bebês depois que nasciam. Elas não tinham que ler livros para aprenderem o que fazer. Elas tinham crescido vendo como as outras mulheres cuidavam de seus bebês.

“É muito mais fácil condenar uma criança do que compreendê-la.” Que profunda, verdadeira e dura é essa pequena frase de J. Krishnamurti.

Quando uma mulher encaixa seu filho nas ancas, integrando-o a seu corpo, está pronta para o próximo passo. Ela sabe que suas ancas de mulher servem como suporte perfeito para carregar seu filhote

Assim que soube que estava grávida novamente, um dos meus primeiros pensamentos foi: vou ter que parir de novo, e agora? Desde aquele dia, uma grande aflição se apossou de mim. Aflição que virou medo, que virou tormento, que virou pânico em alguns momentos.

Como é duro perder um pai. Fica o vazio, a tristeza, a falta… Mas e quando o pai morre em vida, o que fazer?

Ontem olhei no espelho e não me reconheci. Parei e olhei de novo, dessa vez com calma. Vi meu rosto cansado e perguntei: desde quando aquela ruguinha está ali? E aqueles fios brancos? E essas olheiras? Há quanto tempo eu não olhava para mim de verdade?

Quando acho que não sou mais capaz de suportar algo, me lembro que pari duas vezes sem anestesia.

Quando não me sinto confiante em mim mesma, lembro que eu sou a pessoa que minhas filhas mais confiam no mundo todo.

Meu primeiro quarto: o útero da minha mãe.

Meu primeiro restaurante: o peito da minha mãe.

Meu primeiro banheiro: o colo da minha mãe.

Minha primeira escola: a cozinha da minha mãe.

Quando minha primeira bebê tinha 2 meses, eu fui obrigada a sair. Era pra um bom lugar, com gente muito querida, mas do fundo da minha alma, eu não queria. Porém fui sutilmente forçada, com pequenas frases como “ah, mas sua filha já tem 2 meses” ou “não tenha preguiça, vai ser bom pra vocês”.

Vivemos numa sociedade que está rapidamente se tornando uma nação de sociopatas. A principal causa disso não é a perda dos valores familiares. Também não é uma consequência de pais que são eles próprios indivíduos sociopatas ou com distúrbios emocionais. A causa, em vez disso, é a forma convencional, porém anormal, com que criamos nossos filhos.

Semana passada tive mastite. Pela terceira vez em pouco mais de um ano. Nada muito grave, com massagens e posicionamentos do bebê pra mamar, durou apenas 2 ou 3 dias. Mas é chato, e bem desconfortável. Dessa última vez tive febre, diferente das outras vezes. Mas outra coisa diferente também aconteceu. Dessa vez, pensei em minha mãe.

Como doula pós-parto, como consultora em amamentação ou como mãe que apoia outras mães, eu sempre vejo isso acontecer. Bebês que choram sem parar, tendo peito ilimitado, tendo sling, tendo mãe em tempo integral, tendo banho de ofurô, tendo música clássica e som do útero no YouTube tocando. Eles choram. Sem parar.

Mais uma primavera chegando. E com ela, a sensação de um novo florescer. Que alegria! Mas hoje, último dia do inverno, é sobre ele que quero falar.

Pra mim, talvez o maior crime contra a humanidade foi a transformação do parto em um ato artificial. As guerras, os massacres, as escravidões, todos foram atentados terríveis contra a humanidade. Mas quando se trata de alterar o âmago, a essência do ser humano desde o princípio, que é a sua conexão primal com a mãe, fomos longe demais.

Chega. Cansei. Basta. De me forçar a fazer coisas extremamente difíceis para as quais não tenho estrutura emocional em nome de uma falsa imagem de boa mãe, criada por não sei quem, não sei quando, e que todo mundo acreditou.

A questão do tempo está sempre presente no mundo de hoje. Nunca há o suficiente, e então as pessoas estocam seu tempo e o dão aos outros de má vontade. Mães e pais raramente têm tempo o suficiente pra fazerem todas as coisas que precisam ou querem fazer, incluindo estar com seus filhos.

No colo da mãe cabe um porto.
Uma ponte, um caminho, uma ferrovia.
É passagem para onde mora toda calmaria.
No colo da mãe cabe o que não tem espaço no coração.
E se extravasa o que parece não ter solução.
No colo da mãe o mundo desabafa, desmonta, e se reconstrói.
É lá onde os caquinhos já não doem.
Colo de mãe é continuação de nós, como um pedaço da gente.
É lá que elas fazem dos filhos inteiros novamente.

Às vezes me pergunto: por que ninguém avisa sobre como é se tornar mãe? Por que não nos contaram das dores profundas e escondidas da maternidade? Cadê as placas, os sinais, os alertas vermelhos? Uma grávida? Alguém conta pra ela, por favor!

Você que é mãe sabe que o tema cocô se tornou de muito interesse desde que o bebê nasceu, não é? Pra mim também, e como fiz algo que deu muito certo por aqui, gostaria de compartilhar com vocês. Não somos uma editora que quer somente vender livros, somos uma família de verdade com seus desafios diários, e queremos partilhar com outras famílias tudo de bom e inspirador que encontrarmos, as experiências transformadoras que tivermos e tudo o que de positivo vier a surgir de nossas vivências.

A maternidade me mordeu, modificou minhas células e transformou meus olhos. Sou outra, dos pés à cabeça.

O coração se multiplicou e agora bate fora do peito. Acelera, desespera, recupera. Amolece, adoece, agradece.

Por mais que eu soubesse, nunca havia de fato percebido com tanta nitidez. Talvez pelo puerpério que estava vivenciando, momento único de sensibilidade, ou por ter sido sem esperar, em uma simples conversa rotineira. Mas agora definitivamente entendi: a sociedade não somente não apoia a prática da maternidade integral, ela menospreza, diminui e até mesmo repreende esse comprometimento.

Quem foi aquela que o peito me deu
e nos seus braços, em paz, me acolheu
e docemente beijou o rosto meu?
Minha mãe.

As mães de muito, muito tempo atrás – expressão usada por James Kimmel – não têm data de início. Elas são algo tão antigo e ancestral quanto o próprio tempo, e tão poderoso quanto a força da vida. São o espírito da Mãe Antiga. São a Presença da fecundidade, da abundância, da criação. O papel principal da mãe na vida de qualquer pessoa era um preceito conhecido por todos, honrado e venerado, era o cerne da vida.

Me recordo bem do meu primeiro pós-parto. Que sensação completamente nova! Ao mesmo tempo que era magnífico estar com um anjo em meus braços, sentir seu calor, aprender a cada momento quais eram suas necessidades, o sentimento de fundo sempre era: Pra onde eu fui? Onde foi parar aquela mulher que eu estava acostumada a vivenciar, a ser e estar? Será que ela volta?

Sejam muito bem-vindos ao nosso site!

É com grande alegria que inauguramos o site da Coração Infinito. Ele foi criado e está sendo cultivado com muito carinho e empenho para estarmos juntos nesse intento de semearmos um mundo mais terno.